Deixe-me derramar aqui minhas lágrimas de sangue antes que caiam em meu colo já em formato de coágulo. Deixe-me liberar minha cólera antes que sua validade me mate. Aqui são apenas palavras, porque palavras são palavras. Foram feitas para serem sentidas, vogal por vogal, consoante por consoante. Fonema por fonema...
Minha raiva, meu ódio emergentes necessitam revelar-se antes que se afoguem nos meus mais íntimos pensamentos, tão íntimos que não se revelam facilmente perante meus olhos vermelhos e lacrimejados. Sinto um vazio que toma conta de mim, de dentro para fora, de fora para dentro. Não importa. É vazio. Um sentimento de poder fazer e querer fazer, repreendidos pelo não fazer. É um sentimento "Lispectoriano", "Macabeano". De ser e não ser ao mesmo tempo. De querer e não querer, de fazer e não fazer. De poder e não deixar.
Um sentimento ambíguo, de dois lados, distintos. Querer e não poder. Meu corpo sente cada vez mais a inutilidade dos meus pensamentos. Ficaram inúteis não por nascerem inúteis, mas ficaram amadurecidos demais e apodreceram. Nunca dei vida a pensamentos inúteis na minha existência. Disso eu tenho certeza, mas descuidei-me e não os colhi na época certa. Não caíram do pé, pois continuam sendo meus pensamentos, minhas ideias, meus sonhos, mesmo que inúteis no momento. Inúteis para você, inúteis para qualquer um que se olha ao espelho e não vê minha imagem refletindo.
Não posso deixar-me levar apenas pela indagação de Quem sou eu. Devo-me levar pela busca por essa resposta. Sou eu, apenas eu. Algo simples e complexo. Mais complexo do que simples. Não deixarei de existir e nem de questionar enquanto obtiver todas as respostas que meu eu anseia. Vivo apenas porque não encontrei muitas respostas. O dia que tiver todas as respostas para todas as perguntas, meu eu deixará de existir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário